A militância petista – se é que ainda exista depois de tantos escândalos e o PT levar o País ao fundo do poço – talvez não tenha engolido o gesto do ex-presidente Lula de voltar ao ninho socialista, aceitando convite para o jantar, na noite da última quinta-feira, na casa de Renata Campos, ex-primeira dama do Estado, viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB).
Mas é muito fácil explicar. Diferentemente de Dilma, sua cria, Lula é um animal político e como tal botou na cabeça que para viabilizar uma provável candidatura ao Palácio do Planalto, mesmo subjudice, caso venha a ser condenado em segunda instância, terá que remontar uma aliança de esquerda, que possa aglutinar PT, PCdoB e PSB, com chances de contar ainda com outras legendas nanicas nesse arco.
A conversa com o PSB pernambucano – o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Júlio estiveram no encontro – passa pelo plano nacional, com interferências, evidentemente, na esfera local. O que reaproxima Lula do PSB é o fato de o partido ser, hoje, quase hegemônico na oposição ao Governo Temer no Congresso, com uma pequena dissidência respondendo a processo ético na executiva nacional por não seguir a orientação contrária aos interesses do Governo.
O PSB foi parceiro de Lula na sua eleição, na reeleição e na eleição de Dilma, tendo se afastado da coligação no pleito passado em razão da candidatura própria de Eduardo, que acabou naquela tragédia aérea de Santos. Marina Silva substituiu Eduardo, não obteve sucesso, mas não se constitui entrave porque já não milita mais no PSB, estando conduzindo o seu próprio partido.
Se Lula, portanto, for de fato candidato há de fato um caminho pela frente de entendimento entre PT e PSB na construção de um projeto nacional. Quanto a Pernambuco, a primeira implicação reside no PMDB. Crítico implacável do PT, o deputado Jarbas Vasconcelos, pré-candidato a senador, já disse que de sua parte não há diálogo com PT.
Só lhe restará alinhar-se ao projeto do senador Armando Monteiro Neto ou construir um palanque de centro, atraindo o PSDB e o DEM, já que os principais líderes dessas legendas no Estado – Bruno Araújo e Mendonça Filho – não têm, por razões conhecidas do público e próprias do jogo político – qualquer chance de conversações com o PT.
No caso da aliança nacional PT-PSB-PCdoB vingar, mesmo diante de um cenário de tantas incertezas, existe ainda a possibilidade, já aventada na mídia nacional, no caso de Lula se inviabilizar, de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, plano B de Lula na disputa presidencial, ter na vice o governador Paulo Câmara.
PROTESTO– Integrantes do Movimento Vem pra Rua assumiram a autoria da colocação de um boneco gigante do ex-presidente, pelas ruas do Recife, vestido de presidiário, que ganhou o apelido de Pixuleco, durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Nas ruas, pediam aos motoristas que se dirigiam em direção à Ponte Paulo Guerra, no Cabanga, para buzinar em sinal de protesto pela presença de Lula no Estado. Criaram ainda várias faixas, uma delas dizia: “Cadê o TSE? Como pode um condenado estar fazendo campanha antecipada! Isso é um acinte à população nordestina".
Acredite se quiser- Presente ao jantar com Lula na casa de Renata Campos, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, minimizou o impacto político. "O presidente recebeu a visita de Renata quando ele estava passando por aquele período difícil da Marisa Letícia e ontem ele retribuiu esse encontro. A coincidência na festa dos 25 anos da filha de Renata, Maria Eduarda. Foi um encontro descontraído, de pessoas que se conhecem há muitos anos, que puderam se encontrar depois de muito tempo sem ter essa oportunidade. Nada, além disso, foi tratado lá", disse. Segundo ele, Lula retribuiu a visita que recebeu da ex-primeira-dama em São Paulo, quando Marisa Letícia estava internada. O encontro ocorreu no Hospital Sírio-Libanês. (Por Magno Martins)
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